Pierre Lévy: rumo à educação colaborativa.
Por Aldo Barreto
Pioneiro no estudo das comunidades virtuais, o filósofo defende o papel do educador como administrador de conhecimento compartilhável.
Há 15 anos, o filósofo e teórico Pierre Lévy se sentia só, ao ser um dos primeiros a falar de inteligência coletiva. Hoje, o conceito já encontra boa aceitação nas universidades e na Internet, mas ele ainda se sente só. O motivo agora é a criação da “web semântica”, ou seja, uma linguagem que traduza para computadores todos os significados das línguas naturais.
Para o teórico, o Brasil é parte de um fenômeno global, de uma cultura emergente que é o crescimento das comunidades online. E a criação de uma comunidade é uma ação cultural, um problema político e de liderança.
“Não se constrói uma comunidade como se constrói uma casa, com um tijolo sobre o outro”, explica. Ele destaca que um sentido compartilhado do que é importante faz-se necessário para o florescimento de uma comunidade online.
Neste aspecto, o novo papel do educador é ajudar pessoas a aprenderem colaborativamente, não apenas transmitir conhecimento.
“Se pensarmos sobre as habilidades dos educadores, elas têm mais a ver com a administração do conhecimento e em como ajudar os aprendizes a se orientarem dentro do conhecimento, do que ensinar a como funcionar online”, avalia Lévy.
Ele defende que a administração do conhecimento não seja privilégio das empresas de alta tecnologia, e que seu corpo de metodologias, experiências e instrumentos possam ser utilizados pelos movimentos sociais, pelo setor público e pelo terceiro setor.
O ponto chave seria fazer a arquitetura do conhecimento para ajudar a todos a contribuir e se orientar. Essa arquitetura “se parece mais com um código genético, em que cada comunidade pode ser vista como uma espécie de conhecimento, algo vivo e que tenha sua própria identidade”, compara.
E essa identidade não existiria sem uma memória coletiva, e, na era cibernética, é papel dos novos educadores auxiliar a participação e o crescimento de uma memória comum.
Por isso, Lévy se diz a favor dos computadores nas escolas, com acesso livre à Internet e em alta velocidade. Ele considera absurdo restringir o acesso das crianças à essa “fonte extraordinária de conhecimento, instrumento de colaboração e comunicação, um equipamento básico que dá suporte a toda tecnologia intelectual de nossa época”.
Na opinião do filósofo, “o pensamento crítico e a capacidade de avaliar o valor da informação precisa ser ensinado na escola”. Lá, diz ele, “deveria ser o lugar onde a gente aprende a gestão do conhecimento”.
O pensador também rebate os argumentos dos que citam a exposição a conteúdos duvidosos como um motivo para limitar o acesso de crianças à interno. “Claro que há pornografia e crime na rede, assim como na sociedade. Mas, por acaso, há alguém dizendo que as crianças não devem ir para a sociedade?”
Veja a figura do Fluxo da Inteligencia coletiva em: http://www.e-iasi.org/DOWNLOAD/FLUXO.doc
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Fonte: texto de Bruno De Vizia para a Revista AREDE, ano 3 número29, setembro de 2007.
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