21 novembro 2007

O valor do conhecimento

Por Carlos Alberto Júlio
em Revista Ensino Superior
outubro 2007

Existem pessoas tão preocupadas com os valores que não conseguem enxergar os números. Mas piores mesmo são aquelas que, de tão preocupadas com os números, se esquecem dos seus valores.

E isso acontece todos os dias, em todos os lugares. Cada geração tende a reaprender os seus princípios. Precisamos nos adaptar constantemente às nossas próprias invenções para chegarmos onde queremos. E é nesse ponto que aparece um dos maiores dilemas dos seres humanos, e que nos leva a olhar para dentro de nós mesmos e perguntar: o que importa para a minha vida? Será que a fama, o sucesso e o dinheiro compensam outras frustrações que vamos acumulando ao longo dessa jornada?

E a paz interior corporativa? Ela também começa quando equacionamos o nosso equilíbrio, simplicidade, sucesso e eficácia, que nos permitem fazer o nosso trabalho mais rapidamente para termos mais tempo para ficar com a família, estudar ou fazer aquilo que sempre adiamos por algum motivo aparentemente justificável. Mas, para atingir um resultado positivo nessa equação, é preciso saber conhecer as suas necessidades e viver de acordo com os seus valores, sem deixar o conhecimento para trás. Lembre-se de que o acesso imediato à informação é o que complementa o valor de um profissional nos dias de hoje.

É importante que se entenda muito bem que o que traz valor para as pessoas e para as empresas, no longo prazo, é o conhecimento e não a informação. Ninguém aqui renegaria o valor da informação certa na hora certa, principalmente aquelas de caráter competitivo. Porém, há de se definir que a informação tem caráter cumulativo, enquanto o conhecimento é seletivo, ou seja, enquanto a informação pode ser buscada na hora que dela necessitamos, e armazenada se necessário for, o conhecimento exige inferência e uso para gerar valor.

A propósito, o conhecimento só serve para duas coisas: ser compartilhado ou gerar valor. O conhecimento retido na pessoa ou num livro que nunca será lido é um tesouro no fundo do mar. A sabedoria, por sua vez, é todo o conhecimento aplicado. Quando você usa conhecimento para viver melhor, produzir melhor, está exercendo uma certa sabedoria. A obsolescência nas organizações parece advir cada vez mais da incapacidade de gerir e compartilhar as experiências que estão nas pessoas que lá trabalham. Por outro lado, você sabe que está ficando obsoleto no campo pessoal quando pára de aprender.

Na relação da gestão do conhecimento organizacional, a questão emergente é como gerenciar algo cuja aquisição não se pode obrigar. O conhecimento só se recebe voluntariamente, não é possível impô-lo. Na questão pessoal, é preciso entender que a busca por conhecimento deve ser multidisciplinar.

Escreva seus valores e o que eles significam para você. Não basta tê-los na cabeça e no coração, é preciso escrevê-los no papel. Priorize seus valores, valorize seus conhecimentos e será o mercado que dirá quanto você vale. Afinal, quanto vale a sua paz interior? Muito mais que o seu salário, eu não tenho a menor dúvida. E se fizermos esta pergunta daqui a 500 anos, a resposta será a mesma, com certeza.